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10 fatos que os realizadores devem saber sobre festivais de cinema

Texto: Laurie Kirby
Tradução: Zoe Olivotto
Ilustração: Deborah Santiago Guimarães

Apesar da visão dos realizadores ser de que programar um festival é algo tão misterioso quanto a neblina da madrugada, essa não é a realidade quando se conversa com os festivais. Eles podem ser os guardiões do portão de entrada, mas com certeza não querem te deixar fora. Para fazer uma ponte entre programadores e realizadores, ofereço alguns insights que adquiri durante anos coordenando festivais de cinema, programando o International Film Festival Summit e conversando com centenas de programadores e diretores.

1.Programadores amam realizadores
. Eles querem descobrir seu filme porque é bom para seus festivais, sem mencionar seus egos. Uma programadora reconhecida revelou assistir cada filme de estreia como um “Fruitvale Station” (A Última Parada) em potencial.

2. Não diga a todo festival que você está esperando uma resposta de Sundance.
É como dizer que você aceita ir a um encontro, se sua primeira opção disser ‘não’. A maioria dos diretores acredita que Sundance é o Santo Graal. No entanto, filmes frequentemente apresentam um público maior em festivais regionais, que apoiam o filme. É melhor estrear no Austin Film Festival do que se perder em meio a um evento maior. Filmes sobre surf vão bem em Maiu, de acordo com o realizador Sam George, e recebem muita atenção da mídia. Isso vale especialmente para documentaristas e festivais de gênero. Por exemplo, distribuidores frequentam festivais LGBT com intenção de adquirir filmes dessa categoria. 

3. Não existe uma conspiração contra você.
Por mais que os diretores gostem de acreditar, não existem jabás, subornos, conspirações ou decretos contra seus filmes. Se você não foi selecionado, por favor, não presuma nada disso. Existe uma pluralidade de razões pelas quais ele pode não ter sido selecionado. Não fique paranóico. 

4. Programar um festival é questão de equilíbrio.
Programadores precisam equilibrar uma série de interesses conflitantes. Distribuidoras, público, formatos, gêneros, duração e equilíbrio entre os filmes são somente exemplos do que eles precisam considerar durante o processo de seleção. Eu, pessoalmente, quase sempre selecionaria um realizador local (por exemplo, Michael Corrente) que apresentasse qualidade igual a outros, pois ele se comunicaria melhor com o público local. 

5. Não importune os programadores.
Programadores não se importam que você os procure uma vez ou outra, mas, por favor, não os faça conseguir um mandato de segurança. Eu já conheci festivais que tiveram que apelar para esse recurso quando um filme não foi selecionado por questões legais. Isso já é um outro assunto. 

6. Não peça uma taxa pela exibição.
O festival já tem recursos escassos; o marketing gratuito, publicidade e visibilidade é todo o amor que eles podem te dar. Aproveite essa oportunidade para conhecer pessoas, promover seu filme e criar futuras colaborações. Eu já vi produtores e diretores fecharem negócios a partir do networking em um festival, o que é bem melhor do que um pagamento de $500 pela exibição. 

7. A escolha da sessão não é uma questão pessoal.
A sessão de exibição do seu filme é elaborada a partir de vários fatores. Portanto, nem todos podem ter o horário de sábado às 20h. Existe um método para esse caos, e os programadores passam horas a serviço dessa elaboração. Seu filme experimental, por mais revolucionário que seja, provavelmente não irá atrair um público mais convencional... ainda. Após programar um filme de encerramento bastante obscuro, porém brilhante, estrelando Chiwetel Ejiofor (e metade dos espectadores se levantarem e sairem, na presença do diretor), aprendi essa lição. 

8. Comporte-se.
Por favor, não: a) fique bêbado e cause no hotel que o festival te hospedou. b) não cobre do festival seu jantar chique e seu serviço de quarto; c) não roube o carro que o festival alugou para te buscar. Sim, eu já passei por todas essas experiências.

9. Mostre um pouco de gratidão.
Planeja fazer outro filme? Envie um “obrigado” ao programador depois da exibição. Uma demonstração de afeto vale muito. Não existe exemplo melhor do que o então estreante Chris Lowell que, depois de ganhar o Austin Film Festival e Mill Valley, enviou flores à equipe do festival. 

10. Festivais adoram realizadores.
O festival não é o inimigo. Eles amam diretores – embora às vezes não pareça.

Laurie Kirby, presidente do International Film & Music Festival Conference, realiza uma conferencia anual para líderes em tecnologia e festivais de cinema e música e coordena a revista LINEUP para executivos de festivais. Advogada e produtora executiva de festivais de cinema, Kirby é consultora e palestrante em festivais e conferências em áreas como planejamento de eventos, gestão de projetos sem fins lucrativos, distribuição, relacionamentos com celebridades, produção cinematográfica, patrocínio, leis esportivas, imóveis e leis de conservação, discursos, licenciamento, redes sociais e marketing.